Proteção de dados: o que sua empresa precisa entender antes que seja tarde
Imagine a seguinte situação. Você anota o nome, o e-mail e o telefone de um cliente para enviar uma proposta. Talvez guarde esses dados em uma planilha ou repasse para alguém da sua equipe. A rotina parece simples, mas esse ato já envolve algo fundamental: o tratamento de dados pessoais.
Desde que a Lei Geral de Proteção de Dados, a LGPD, entrou em vigor no Brasil, qualquer empresa que lida com dados de pessoas físicas precisa seguir regras claras sobre o uso dessas informações. E não seguir pode custar caro.
O que são dados pessoais
De acordo com o artigo 5º da LGPD, dados pessoais são informações relacionadas a uma pessoa física identificada ou identificável. Ou seja, qualquer dado que, isoladamente ou em conjunto com outros, possa apontar para alguém.
Alguns exemplos são nome completo, CPF, RG, telefone, e-mail, endereço, localização geográfica, IP de dispositivos e preferências de consumo. Você não precisa de um sistema sofisticado ou banco de dados para estar sujeito à lei. Basta armazenar informações desse tipo, mesmo que em papel ou no celular.
O que são dados sensíveis
A LGPD também trata de um tipo especial de informação, os chamados dados pessoais sensíveis. Eles são dados que revelam aspectos mais íntimos e, por isso, exigem mais cuidado e critérios específicos de tratamento.
São considerados sensíveis os dados sobre origem racial ou étnica, convicções religiosas, opiniões políticas, filiação sindical, dados genéticos ou biométricos, informações de saúde e vida sexual. Para tratar esse tipo de dado, a lei exige consentimento explícito ou outra base legal muito bem definida.
O que significa tratar dados
A lei usa o termo “tratamento” para se referir a qualquer operação feita com dados pessoais. Isso inclui coletar, acessar, usar, armazenar, compartilhar, organizar ou excluir essas informações.
Se sua empresa faz qualquer uma dessas ações com dados de clientes, funcionários ou fornecedores, você já está tratando dados e, portanto, precisa seguir a LGPD.
Por que isso importa para sua empresa
Muita gente ainda acha que a LGPD é algo distante, criado apenas para grandes empresas ou para o setor de tecnologia. Mas não é assim. A lei vale para qualquer organização que opere no Brasil e trate dados pessoais, inclusive pequenos negócios.
Ignorar a LGPD pode gerar consequências graves, como multas de até cinquenta milhões de reais por infração, suspensão de atividades que envolvam dados, exigência de indenizações e danos à imagem da empresa.
Além disso, empresas que não demonstram conformidade podem perder oportunidades de negócio, parcerias estratégicas e, principalmente, a confiança do cliente.
Como saber se sua empresa está em risco
Veja alguns sinais de alerta. Você coleta dados por meio de formulários online, mas não informa como eles serão usados. Seus contratos não mencionam proteção de dados. As informações dos seus clientes estão salvas em planilhas abertas ou sem senha. Sua equipe nunca recebeu orientação sobre a LGPD. Ou você continua armazenando dados antigos sem saber se ainda precisa deles.
Se algum desses pontos acontece aí na sua empresa, é sinal de que o risco existe e precisa ser enfrentado.
O que fazer agora
Não precisa resolver tudo de uma vez. Mas é essencial começar. Aqui estão passos práticos que toda empresa pode seguir.
Mapeie os dados. Descubra quais dados você coleta, de quem, por onde eles entram e onde ficam armazenados.
Reveja seus processos. Questione se você realmente precisa de todas as informações que coleta. Informe ao titular dos dados como e por que eles serão usados. Publique uma política de privacidade clara.
Organize o armazenamento. Evite dados espalhados em planilhas, e-mails ou dispositivos pessoais. Use ferramentas seguras, com controle de acesso e senhas fortes.
Formalize contratos com parceiros. Se terceiros tratam os dados que você coleta, como agências, freelancers ou plataformas, isso precisa estar documentado. A responsabilidade continua sendo sua.
Treine sua equipe. Quem lida com dados precisa entender o básico da lei. Um erro humano pode ser suficiente para gerar um problema sério.
Nomeie um responsável. A LGPD recomenda que a empresa tenha alguém que cuide desse tema e atue como ponto de contato. Pode ser alguém da sua equipe, um consultor ou um parceiro externo.
Por fim, a LGPD não é uma moda passageira nem uma burocracia a mais. Ela é um sinal de maturidade empresarial e de respeito pelas pessoas que se relacionam com sua marca.
Proteger dados é proteger o seu negócio. Demonstra profissionalismo, transparência e compromisso. Empresas que fazem isso bem constroem relações mais fortes, reduzem riscos e se destacam no mercado.
Se você quer entender por onde começar ou precisa de ajuda para organizar esse processo, entre em contato. Podemos fazer uma análise inicial e montar um plano de ação simples, viável e ajustado à sua realidade.
O melhor momento para agir é antes que o problema apareça. E ainda dá tempo de fazer isso do jeito certo.
